ENEM 2015 teve questão sobre o feminismo e "violência contra a mulher" no tema da redação


O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano foi “a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. O assunto foi divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) minutos após o fechamento dos portões neste domingo (25), o segundo dia de provas.

Na prova de sábado (24), a prova a questão sobre feminismo com uma citação de Simone de Beauvoir foi a que mais chamou atenção. Alunos, estudantes e militantes de grupos feministas reproduziram a pergunta com a citação “Não se nasce mulher, torna-se mulher” da filósofa francesa e comemoraram o fato de a questão de gênero ter sido trazida à luz em uma prova dessa dimensão.

Entre estudantes, professores e militantes, a citação de outros autores importantes, como Max Weber, Thomas Hobbes, Nietzsche e Paulo Freire também foi comemorada pelo fato de serem pensadores considerados “polêmicos”, que desafiam conceitos de senso comum e que, por vezes, “incomodam” os mais conservadores.

Confira algumas questões:

Questão 26
A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum benefício a que outro não possa igualmente aspirar. HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Questão 34
A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um. NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
Questão 40
A crescente intelectualização e racionalização não indicam um conhecimento maior e geral das condições sob as quais vivemos. Significa a crença em que se quiséssemos, poderíamos ter esse conhecimento a qualquer momento. Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos dominar todas as coisas pelo cálculo. WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; MILLS, W. (org). Max Weber: ensaios da sociologia. Rio de Janeiro, Zahar, 1979 (adaptado).
Q
uestão 42

Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino. BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

Fonte:
Revista Fórum

Os equívocos da cartilha sobre a "Ideologia de Gênero"



Recentemente, tivemos uma grande discussão sobre a inserção da temática de gênero no Plano Nacional, Estadual e Municipal de Educação. Houve uma forte manifestação contrária, inclusive o lançamento de uma cartilha sobre a  suposta "Ideologia de Gênero", lançada anonimamente (veja a versão em pdf aqui).

A professora Jimena Furlani esclareceu algumas "confusões teóricas" a partir de trechos retirados da própria cartilha. Jimena Furlani é professora da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC - desde 1994 e do Centro de Ciências da Educação - FAED. É mestre e doutora em Educação, sendo seu doutorado sobre Relações de Gênero, Sexualidade e Educação.

O material a seguir apresenta as explicações e comentários da professora Jimena Furlani, retirado do seu perfil de uma das redes sociais. Clique na imagem para melhor visualização (ou baixe a versão em pdf aqui).











GDE - Gênero e Diversidade na Escola




Gênero e Diversidade na Escola é um projeto destinado à formação de profissionais da área de educação, buscando a transversalidade nas temáticas de gênero, sexualidade e orientação sexual e relações étnico-raciais.

A concepção do projeto é da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM/PR) e do British Council, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD-MEC), Secretaria de Educação à Distância (SEED-MEC), Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR/PR) e Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM/IMS/UERJ).

Além do Livro de Conteúdos, o curso oferece um Caderno de Atividades que constitui um instrumento para as/os profissionais da educação no trato da diversidade de gênero, étnico-racial, sexualidade e orientação sexual na escola, com sugestões de diversas atividades que priorizam a transversalidade das temáticas e dos conteúdos curriculares. Trata-se, assim, de orientações para que a/o professora/or construa um ambiente favorável à diversidade em todas as suas facetas e estruture de forma permanente uma pedagogia da diversidade.

Na nossa Biblioteca você pode acessar o Livro de Conteúdo e o caderno de Atividades clicando nas imagens abaixo.

Livro de Conteúdo


Caderno de Atividades


Livro: Tecendo gênero e diversidade sexual nos currículos da educação infantil



A indicação de leitura de hoje é o livro "Tecendo gênero e diversidade sexual nos currículos da educação infantil", da Editora UFLA (Universidade Federal de Lavras).

Este livro, organizado pela professora doutora Cláudia Maria Ribeiro, traz os resultados do projeto de extensão do Departamento de Educação (DED) da UFLA, também coordenado por Cláudia Maria Ribeiro. O projeto teve o apoio das seguintes universidades: UFLA, em Lavras; UFJF, em Juiz de Fora; UFMS, em Campo Grande; USP, em São Paulo e UNICAMP, em Campinas, na formação de professores e professoras da educação infantil da rede pública, implantando as temáticas de sexualidade e gênero na educação.

O livro conta com a participação de vários autores e autoras, entre eles: as professoras Cláudia Maria Ribeiro, Carolina Faria Alvarenga, Lívia Monique de castro Faria, Constantina Xavier Filha, Kátia batista martins, Ila maria Silva de Souza e o professor Ricardo de Castro e Silva.

Disponível para download na versão PDF. Para baixar, clique na imagem abaixo.



Para ficar de olho: Guacira Lopes Louro



Alguns autores e autoras são recorrentes nos estudos sobre Gênero e Sexualidade. Um bom exemplo é a professora, mestre e doutora em Educação Guacira Lopes Louro.

Guacira Lopes Louro é licenciada em História e mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - e doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas - Unicamp. Foi fundadora do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero (GEERGE) e participa do grupo de pesquisa desde 1990. Tem publicados livros, artigos e capítulos, bem como orientado dissertações e teses sobre questões de gênero, sexualidade e Teoria Queer relacionados com o campo da Educação. Suas pesquisas atuais voltam-se aos estudos Queer, cinema e pedagogias da sexualidade. A docente foi também fundadora do GT 23 da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação - Anped - que a indicou para receber a estatueta Paulo Freire em 2012.

Podemos encontrar muitos vídeos, livros e artigos de Guacira pela web. Em nossa Biblioteca, você encontra "O corpo educado. Pedagogias da sexualidade", Autêntica Editora, 2010. Este livro traz textos de diversos autores de renome internacional, organizados por Guacira, abordando a produção histórica da sexualidade e as formas como ela vem sendo teorizada e exercida hoje.

Você pode fazer o download do livro clicando aqui.

No vídeo abaixo podemos conhecer um pouco da história de Guacira. Ela fala de seus tempos de estudante, professora e pesquisadora da UFRGS e debate sobre as relações de gênero, sexualidade e Teoria Queer.





Coleção História Geral da África - UNESCO



Uma das grandes dificuldades enfrentadas para o ensino e pesquisa da história da África, é encontrar fontes e materiais didáticos confiáveis e que não fique restrito a visão Eurocêntrica. Em 2010 a UNESCO lançou em Português uma coleção divida em 8 volumes da História Geral da África. O projeto contou com a participação de 39 intelectuais sendo dois terços africanos, tornando a obra uma referência para o estudo da cultura e história africana.
O 8 volumes estão disponíveis para download em versão PDF. Para baixar clique na Imagem abaixo.


GDE Musical: Geni e o zepelim, de Chico Buarque


Chico Buarque é um dos maiores nomes da música popular brasileira. É compositor, dramaturgo e escritor.

A canção Geni e o zepelim faz parte do musical Ópera do Malandro, de 1978. O texto da peça é baseado na Ópera dos Mendigos (1728), de John Gay (poeta e dramaturgo inglês), e na Ópera dos três vintens (1928), de Bertold Brecht (dramaturgo e poeta alemão) e Kurt Weill (compositor alemão). A peça se passa em 1940 e fazem parte do enredo situações de contrabando, jogo e prostituição.

Muitos conhecem essa canção pelo seu refrão irreverente. O que poucos imaginam é que a personagem Geni é uma travesti, fato que a letra da canção não revela mas que descobrimos lendo o roteiro ou assistindo à peça. Geni é desprezada pela cidade, "feita pra apanhar e boa de cuspir". Mas certo dia surge no céu um enorme zepelim e seu comandante decide bombardear a cidade. Porém, ele muda de ideia ao ver Geni, que pode evitar a catástrofe tendo uma noite de amor com o comandante. Todos vão lhe pedir para salvar a cidade, tornando-se a "bendita Geni". Ela atende aos caprichos do comandante mas, mesmo tendo salvado a cidade, continua desprezada e desvalorizada.

A canção pode ser utilizada para abordar a diversidade e a violência de gênero que, mesmo com tantas mudanças sociais que vem ocorrendo, continuam acontecendo de forma explícita (GDE, 2009).

Confira a letra da canção abaixo. Você pode ouví-la e baixá-la aqui.

Geni e o zepelim
Chico Buarque

De tudo que é nego torto, do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes, dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada

Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina, atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos, das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato

E também vai amiúde com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade e é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir

Joga pedra na Geni! Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar! Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um, maldita Geni!

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante, um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios, abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim

A cidade apavorada se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante desceu o seu comandante
Dizendo: "Mudei de ideia!"

Quando vi nesta cidade tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir
Mas posso evitar o drama se aquela formosa dama
Esta noite me servir

Essa dama era Geni! Mas não pode ser Geni!
Ela é feita pra apanhar! Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um, maldita Geni!

Mas de fato, logo ela tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso, tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro

Acontece que a donzela (E isso era segredo dela)
Também tinha seus caprichos
E ao deitar com homem tão nobre, tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos

Ao ouvir tal heresia a cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos, o bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão

Vai com ele, vai, Geni! Vai com ele, vai, Geni!
Você pode nos salvar! Você vai nos redimir!
Você dá pra qualquer um, bendita Geni!

Foram tantos os pedidos tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco

Ele fez tanta sujeira, lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia, partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado

Num suspiro aliviado ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia e a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir

Joga pedra na Geni! Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar! Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um, maldita Geni!